VLI planeja renovação da FCA ainda este ano

Valor Econômico – Companhia também estuda expansão de polo agrícola no Tocantins e ampliação do Tiplam, terminal no porto de Santos que movimenta grãos, açúcar e fertilizantes

A VLI trabalha para concluir a renovação antecipada da FCA (Ferrovia Centro Atlântica) ainda em 2023, segundo o presidente interino e diretor financeiro do grupo, Fabio Marchiori.

Hoje, a companhia se prepara para mais uma rodada de audiências públicas em torno do projeto. A proposta ainda terá que passar pela avaliação do novo governo e do TCU, porém, o executivo avalia que é possível realizar a discussão neste ano.

“Do nosso ponto de vista, estamos preparados e acreditamos que o resultado será favorável. As audiências devem durar de 30 a 60 dias. Alguns prazos não conseguimos prever, como o do TCU, mas estamos trabalhando para que a renovação aconteça neste ano”, afirma o executivo.

A concessão da VLI vence em 2026. A proposta é renovar antecipadamente o contrato, por mais 30 anos, em troca de investimentos na ordem de R$ 14 bilhões, além do pagamento de uma outorga de R$ 3,3 bilhões – os valores se referem a 2020 e, agora, deverão ser atualizados e possivelmente revistos.

Nos últimos anos, o processo teve dificuldade para avançar devido a embates entre os Estados cortados pela ferrovia, que disputam os investimentos – a FCA cruza Sergipe, Bahia, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, ao longo de seus 8.357 km.

Em 2022, a via transportou 23 bilhões de TKU (toneladas por km útil), entre grãos (36%), produtos siderúrgicos (24%), industriais (16%), fertilizantes (11%) e açúcar (10%). Com a renovação, a perspectiva é ampliar em 46% o volume de cargas, segundo os documentos enviados à ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre).

Para além da FCA, a VLI tem outros projetos de expansão em curso. Na avaliação de Marchiori, o principal vetor de crescimento da companhia hoje é o corredor Norte – que vai da ferrovia Norte-Sul (em Tocantins e Maranhão) até o porto de Itaqui (MA).

Um dos focos de expansão é transformar o terminal em Palmeirante (TO) em um polo de fertilizantes e, no futuro, outros produtos agrícolas.

Hoje, já está em operação uma parceria para fertilizantes com a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi), cuja fase inicial recebeu R$ 390 milhões de investimentos. O grupo também tem conversado com outros possíveis parceiros, segundo ele. “Esta é primeira perna de uma iniciativa maior, para termos um ‘hub’ de fertilizantes. Outros produtores já nos procuraram”, diz.

Outro plano de crescimento é ampliar a capacidade total do terminal no Porto de Santos, o Tiplam, que movimenta grãos, açúcar e fertilizantes, com uma ociosidade atual de 15% a 20%. “Temos conversado com clientes sobre essa expansão. O tamanho do crescimento vai depender da carga, estamos falando com parceiros de perfis diferentes”, afirma.

Outra possível frente de expansão da VLI é o Espírito Santo. O grupo firmou um memorando de entendimentos com a VPorts (novo nome da Companhia Docas do Espírito Santo, após a privatização) para possivelmente reativar a conexão ferroviária do Porto de Vitória com a Estrada de Ferro Vitória-Minas e a FCA. “Há um estudo para capacitar a linha ferroviária, caso esta seja viável do ponto de vista econômico. Além disso, havendo outras oportunidades nos portos, podemos avaliar.”

Em 2022, a VLI registrou crescimento de 18% da receita líquida, que foi de R$ 7,65 bilhões. Porém, os resultados foram bastante impactados por um efeito não recorrente e não-caixa, que levou a um prejuízo de R$2,1 bilhões no ano. Em 2021, o resultado já havia sido negativo em R$ 190 milhões. O Ebitda (lucro antesde juros, impostos, depreciação e amortização) foi positivo em R$ 1,9 bilhão, contra R$ 2,8 bilhões em 2021.

Segundo Marchiori, o efeito contábil que levou à piora do balanço se deu no âmbito da preparação para a renovação antecipada da FCA. A VLI decidiu reconhecer, em 2022, uma depreciação maior da malha ferroviária. “Teríamos a opção de deixar depreciando até 2026, mas decidimos trazer para 2022”, diz.

“Nossa avaliação é que foi um ano positivo, principalmente no segundo semestre. Começamos o ano mais lento por conta das chuvas, mas depois crescemos 27% na segunda metade do ano”, afirma.

Para 2023, a projeção é positiva, segundo o presidente. “Estamos confiantes devido à safra muito forte de soja, à expectativa de uma safra de milho boa, pela consistência das cargas siderúrgicas e industriais. Começamos o ano com volumes bons e tranquilos em relação ao caixa”, diz.

Foto: Divulgação VLI

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/04/04/vli-planeja-renovacao-da-fca-ainda-este-ano.ghtml)

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