Venda de máquinas cresce pelo 6º ano consecutivo

Valor Econômico – Preços internacionais em alta ajudam agronegócio e vendas de máquinas crescem pelo sexto ano seguido

O bom momento do agronegócio nacional, baseado nos altos preços internacionais das commodities como soja e milho e as safras recorde, deve fazer as vendas de máquinas agrícolas fecharem 2022 com a sexta alta consecutiva. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que projeta crescimento de 5% sobre 2021, com faturamento de R$ 92 bilhões.

O segmento se expande desde 2016. “Entre 2020 e 2022, tivemos altas excepcionais porque a pandemia aumentou os preços das commodities que o Brasil exporta, como soja, milho, açúcar, café, algodão, carnes, celulose e suco de laranja. Essa rentabilidade foi a principal causa do aumento das vendas”, diz Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.

Ele aponta que, a partir deste segundo semestre, o setor desacelerou por causa dos fortes aumentos dos insumos agrícolas, como diesel, fertilizantes e defensivos, que devem diminuir bastante a rentabilidade das lavouras da safra 2022/23 e já fizeram as vendas recuarem. Por isso, a entidade reduziu sua previsão de expansão de 9%, em julho, para os atuais 5%.

Também pesou contra a desorganização que a pandemia impôs na cadeia global de fornecedores, fazendo entregas demorarem meses. “Foi um ano bom, com alta de 20% sobre 2021, mas bem desafiador pela logística. O mercado deixou de crescer na velocidade que vinha vindo. Para 2023, a demanda deve seguir estável, com margens menores pelo aumento de custos de insumos”, diz Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere, uma das maiores montadoras de máquinas agrícolas do país.

Com previsão de alta entre 10% a 15% da indústria nacional do segmento, o executivo aponta o financiamento como fator de contenção da demanda. “A percepção do produtor é que a taxa de juros vai cair em 2023, então ele tenta postergar o investimento.”

Outro fator que pressionou negativamente as vendas foram os recursos insuficientes do Plano Safra 2022/2023. Segundo Estevão, “as principais linhas para o setor, o Moderfrota e Pronaf, tiveram R$ 8,8 bilhões e R$ 4,3 bilhões de orçamento, respectivamente, somando R$ 13 bilhões para um mercado estimado em R$ 92 bilhões”. Lançado em junho deste ano, “os recursos duraram 75 dias quando deveriam ser suficientes até junho de 2023”, diz o executivo da Abimaq.

Mesmo com tantos entraves, Lopes afirma que as vendas seguem bem. O destaque é a colheitadeira, na esteira da instabilidade climática que faz com que produtores de algodão e milho de Mato Grosso, cujas segundas safras padecem com a falta de chuva, tentem reduzir a janela de colheita para evitar maiores prejuízos. Outra fonte de encomendas são os agricultores que renovaram os canaviais neste ano. Segundo a empresa, também têm boa procura os tratores, plantadeiras e pulverizadores.

“Até o momento, notamos um alta na demanda brasileira por equipamentos agrícolas. A demanda maior é por tratores e plantadeiras, mas seguimos crescendo bastante no mercado de pulverizadores e colheitadeiras”, diz Rodrigo Junqueira, gerente geral da AGCO, que reúne marcas tradicionais do setor, como Massey Ferguson, Fendt e Valtra. Na América do Sul, as vendas líquidas da empresa subiram 68,8% no 1º semestre de 2022, segundo o dirigente, que também é vice-presidente da Massey para a América do Sul.

Entre os modelos mais sofisticados, com tecnologia embarcada, Junqueira destaca a plantadeira Fendt Momentum Sementes e Fertilizantes, que “realiza um plantio inteligente, com sistemas que garantem a pressão ideal para realizar o corte da palha e depositar cada semente no solo com a mesma profundidade e espaçamento assertivo.” Para 2023, a AGCO investe na fábrica de Ibirubá (RS) para a fabricação dos novos modelos da Momentum.

A agricultura 4.0 também faz parte do cotidiano da John Deere. Todas as grandes máquinas da marca saem de fábrica com soluções de precisão que viabilizam desde o controle e direcionamento até o gerenciamento das informações. “Há pelo menos cinco anos estamos trabalhando com os concessionários para que entendam o valor que traz”, diz Lopes.

Foto: captura de tela jornal Valor Econômico

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2022/10/28/venda-de-maquinas-cresce-pelo-6o-ano-consecutivo.ghtml)

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