Malha Oeste pode se tornar um consórcio de grandes empresas

Correio do Estado – A relicitação da ferrovia que corta Mato Grosso do Sul deve ser concluída em setembro deste ano

A reestruturação logística de Mato Grosso do Sul é um debate antigo para a administração estadual. O principal plano para melhorar o escoamento da produção do Estado é a revitalização da malha ferroviária.  

O projeto mais avançado é a recomposição da Malha Oeste, que corta MS de leste a oeste, e uma das possibilidades é de que grandes players ajudem a reconstruir trechos em uma espécie de consórcio.  

Atualmente, transitam em paralelo dois projetos. O primeiro é a relicitação tradicional, por concessão, e o segundo é a viabilidade trazida pelo novo Marco Legal das Ferrovias, do governo federal, que autoriza empresas a construírem e explorarem o transporte ferroviário sem a mesma burocracia da concessão.  

Entre os locais solicitados, a gigante da celulose Suzano S.A. fez a requisição para operar trecho entre Ribas do Rio Pardo e Inocência, perímetro de Três Lagoas, e de Três Lagoas a Aparecida do Taboado.  

Para o mesmo trecho de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, outra gigante da celulose, a Eldorado já teve a solicitação aceita e o contrato de adesão assinado.  

A MRS Logística requisitou e também já assinou contrato de adesão, na fatia que vai de Três Lagoas a Panorama (SP). E ainda circula no mercado a informação de que a J&F, que adquiriu a Vale em Corumbá recentemente, poderia assumir o trecho a partir da cidade pantaneira.  

Outra indústria de celulose que anunciou investimento em Mato Grosso do Sul, a chilena Arauco, também seria uma possível interessada em escoar a produção de celulose a partir de Inocência.  

Em termos oficiais de relicitação, o estudo de viabilidade já foi concluído e ainda este mês será realizada uma consulta pública, com expectativa para a relicitação ocorrer em setembro.  

Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, disse que a expectativa é “mesclar” os dois projetos.  

“É o nosso intuito. Nós estamos pegando o projeto, já apresentamos para a J&F, para a Arauco, para a Suzano, a Eldorado, nós achamos que sim, estamos tentando estimular para isso [formação de consórcio]”.  

Ainda segundo ele, há a possibilidade de que mesmo com a licitação os principais players entrem no páreo.  

“Ou que eles comprem uma parte disso, eles podem entrar com direito de carga. Por exemplo, precisa de tantos bilhões para investir, eles investem e dizem quanto vão precisar de carga. Fazem isso em vez de investir [para construir] 200 km de ferrovia”, considerou.  

O secretário já havia levantado a possibilidade de um tipo de parceria entre as empresas para que se consolide a revitalização da ferrovia.

“Se ela [licitação] der deserta, a legislação permite que a gente vá para o regime de autorização. A princípio, não há nenhum impedimento, até porque temos uma pressão de demanda. A Suzano solicitou autorização de um trecho, se sair a Malha Oeste, ela não fará o trilho. A Eldorado a mesma coisa”, ressaltou.

RELICITAÇÃO

A estruturação do projeto para a relicitação da Malha Oeste foi realizada pelo consórcio Nos Trilhos de Novo, composto de quatro empresas e liderado pela Latina Projetos Civis e Associados.  

Conforme o estudo da Empresa Brasileira de Logística (EPL) apresentado à Semagro ainda em 2021, o investimento privado necessário para reativar o ramal é de R$ 14,9 bilhões, distribuídos ao longo de 15 anos.

“A consulta pública da Malha Oeste será em julho e em setembro a licitação. Está tudo pronto o estudo, confirmado, vai ter a rebitolagem [ficar mais largo o trilho] e aumentar o período de concessão para 40 anos. Isso vai estar na consulta pública”.

A meta é de que a nova concessionária que vencer a licitação faça a revitalização de dormentes, troca de trilhos, entre outros, para que se possa escoar a produção local.

De acordo com Verruck, a reativação da Malha Oeste é uma alternativa para os problemas encontrados atualmente na BR-262.  

“A grande maioria aqui sabe dos grandes problemas que temos na BR-262, queremos efetivamente ampliar, duplicar, criar novos canais. É inconcebível para o Estado que tenhamos que levar aproximadamente mais de mil caminhões carregados de celulose (vamos chamar assim) aos portos de Santos por meio do sistema rodoviário”, destacou o secretário.

DEMANDA

A Malha Oeste, antiga Noroeste do Brasil, tem 1.923 km de ferrovia que liga Corumbá a Mairinque (SP). A Rumo Logística, que administrava o ramal, entregou a concessão em 2020.

Entre as principais cargas que seriam escoadas com a reativação da linha estão carnes, grãos, minério de ferro e celulose.  

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) faz questão de desmistificar o clichê de que há pouca demanda para os trilhos da Malha Oeste.  

“A pessoa vem e fala: ‘Não tem carga’. Hoje não tem carga porque não tem ferrovia. Se tiver ferrovia, tem carga”, afirma, com ênfase, o governador.

Foto: captura de Tela Correio do Estado

Fonte: Correio do Estado (https://correiodoestado.com.br/economia/malha-oeste-pode-se-tornar-um-consorcio-de-grandes-empresas/402826)

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