Ferrovia que cortará MT para escoar produção poderá ser construída com recursos da China

Conteúdo/ODOC – A mudança do perfil econômico da China em fortalecer o consumo interno e focado em investimentos na infraestrutura de outros países que tenham condições de ofertar produtos e alimentos a custo baixo poderá resultar em dinheiro chinês no projeto da Ferrovia da Integração do Centro-Oeste (FICO).

A ferrovia deve transportar a soja produção do eixo da BR-163, em Lucas do Rio Verde, cortando Mato Grosso até Água Boa, ligando até Mara Rosa, em Goiás. De lá, o trem segue pelo oeste baiano, até o porto de Ilhéus, na Bahia.

Além desse trajeto possibilitando o escoamento de parte da produção do Brasil Central pelo sul baiano via modal ferroviário, poderá ter uma conexão nordestina com os portos de Pecém, no Ceará, e de Suape, em Recife.

Conforme o ministro dos Transportes, Renan Filho, é interesse dos chineses garantir alimentos cada vez mais baratos para atender a imensa demanda chinesa com mais de 1,4 bilhão de habitantes. No entanto, ele pondera que há uma relação direta entre investimentos públicos e capacidade de atração de capital privado, motivo pelo qual o Brasil precisa se antecipar e criar condições ideais para atrair o interesse chinês.

“No ano passado, o Ministério dos Transportes investiu R$ 7 bilhões. Em 2023, vamos investir R$ 22 bilhões. E, com o cumprimento das metas do arcabouço fiscal garantido, teremos em torno de R$ 78 bilhões para investimentos diretos públicos federais. Isso é a retomada dos investimentos públicos federais”, disse Renan Filho na reunião interministerial preparatória para a 7ª Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).

“Vale dizer que há uma correlação muito clara entre os investimentos públicos e a capacidade do país em atrair capital privado. Os recursos privados se sentem mais animados quando há recursos públicos somando esforços. Então, estamos vivendo um ambiente muito positivo no que concerne a atração de recursos privados. E é nessa agenda que eu acho fundamental a interação com a China, principalmente no âmbito da infraestrutura”, acrescentou.

Além da FICO, o ministro diz que há outras possibilidades de “pacotes elegíveis” para investimentos em infraestrutura com recursos chinês. Algumas delas ligadas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Atualmente são apenas 18 mil km de hidrovias que poderão atender o agronegócio, contudo, para atender o setor com mais eficácia são necessários 45 mil km de hidrovias. Mas para isso é necessário muitos investimentos em dragagem.

“A maior obra de todas as obras físicas, que é o túnel submerso que liga Santos [que é uma ilha] ao Guarujá. Nós não temos tecnologia de engenharia para fazer esse túnel submerso. Essa é uma obra que, fisicamente, nunca foi feita: um túnel que fica 40 metros por baixo do Oceano Atlântico”, disse ele ao acrescentar que apenas a China e alguns países europeus têm condições de tocar o projeto”, comentou o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.

Há também expectativas de investimento chinês no setor aeroportuário. Márcio França citou o potencial do mercado brasileiro, que atualmente registra 100 milhões de passagens vendidas. O número é alto, mas pode ser bem maior, uma vez que, segundo o ministro, “só 10% dos CPFs [Cadastro de Pessoas Físicas] voam. Os outros 90% não voam”.

“Nosso objetivo é trazer outras pessoas para voar. Vamos fazer isso com a ajuda do Ministério do Turismo, disponibilizando voos a preços mais viáveis na ociosidade dos meses intermediários. Isso tem atraído empresas estrangeiras para se instalar no país, no formato low cost [baixo custo]”, disse ele ao informar que pelo menos duas empresas estão em tratativas, e que uma delas deve se instalar no país até o fim do ano.

Fonte: O Documento (https://odocumento.com.br/ferrovia-que-cortara-mt-para-escoar-producao-podera-ser-construida-com-recursos-da-china/)