Usiminas divulga lucro de R$ 10 bi, o maior da história

Neste início de ano, empresa já reajustou preços do aço para montadoras de carros entre 60% e 70% e prevê de 5% a 10% para rede de distribuição

Valor Econômico – Após um desempenho recorde em 2021, a siderúrgica Usiminas prevê uma produção neste ano similar à do ano passado e com menos flutuações nos preços, tanto do aço quanto de minério de ferro, o que pode favorecer a receita.

A companhia mineira divulgou na sexta-feira lucro líquido consolidado de R$ 10,06 bilhões, valor equivalente a quase oito vezes o resultado de 2020. A receita líquida, subiu 110%, para R$ 33,7 bilhões, representando um recorde em todas as unidades de negócios. Desse montante, as vendas no país representaram R$ 26,19 bilhões, um crescimento de 123%. Financeiramente, a Usiminas encerrou dezembro com dívida bruta negativa ao exibir caixa de R$ 7,02 bilhões.

Para 2022, a Usiminas estima produzir de 8,5 milhões a 9 milhões de toneladas de minério de ferro, em linha com 2021, que foi recorde. Para o primeiro trimestre, prevê vendas de 1,1 milhão a 1,2 milhão de toneladas de aço, ante 1,25 milhão um ano antes.

O presidente da empresa, Sérgio Leite, observou que, em 2021, o resultado foi afetado pela queda nos preços do minério de ferro, após superar US$ 230 a tonelada e cair a US$ 94, situando-se agora na faixa de US$ 140 a US$ 150.

O balanço do quarto trimestre trouxe lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 2,41 bilhões (mais 54% ante um ano atrás). O resultado deveu-se ao aumento das vendas e a ganhos não recorrentes de R$ 619 milhões com créditos fiscais de PIS e Cofins e reversão atuarial de provisões de R$ 47 milhões. A empresa espera conseguir mais R$ 1,1 bilhão em créditos fiscais neste ano.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 5%, para R$ 2,47 bilhões, e a receita líquida, 47%, para R$ 8,05 milhões – houve alta de 14% na vendas de minério de ferro e queda de 6% nas vendas de aço.

“O que dependia apenas da atuação da Usiminas teve desempenho normal. Os fatores externos, como preços, descontos e custo do frete, impactaram negativamente os resultados”, disse Leite. Neste ano, esses mesmos fatores devem ter impacto positivo.

“Os descontos estão bem menores, os fretes caíram e os preços melhoraram, até antes do que o mercado esperava, que era depois dos Jogos Olímpicos de inverno”, disse em teleconferência o CEO da Mineração Usiminas, Carlos Rezzonico.

No mercado interno, a Usiminas começou a reajustar os preços do aço para as montadoras de carros, que respondem por 20% das vendas diretas da companhia. O reajuste, que é anual, foi de 60% a 70% em janeiro. A expectativa é que o restante dos contratos do setor sejam fechados em abril com o mesmo nível de reajuste.

“Para as distribuidoras de aço, a expectativa é fazer reajustes de 5% a 10% nos preços”, informou Leite. O setor automotivo respondeu por 32% da venda total da Usiminas em 2021. Grandes redes de distribuição, 33%; outros setores, 35%.

O presidente da Usiminas observou que o cenário econômico está mais difícil neste ano, com perspectiva de alta de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB), ante 4,5% em 2021. No consumo de aço, a previsão é subir 1,5% a 2%, ante aumento de 23% no ano passado.

O executivo disse que a variação no PIB afeta mais o setor do que as incertezas políticas do ano eleitoral. Já no cenário internacional, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ter efeito negativo no setor. Os dois países exportam placas.

Sobre o robusto caixa (R$ 7 bilhões), o vice-presidente de finanças e de RI, Alberto Ono, disse que vai usá-lo para investir na produção e para elevar estoques de matérias-primas. A Usiminas planeja investir R$ 2,05 bilhões, ante R$ 1,5 bilhão de 2021.

Do total, R$ 1,65 bilhão serão destinados à unidade de siderurgia, sendo R$ 650 milhões na reforma do Alto Forno 3 – o maior da usina de Ipatinga, com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de ferro-gusa ao ano. A expectativa é aumentar a produtividade do alto-forno em torno de 10% com a reforma.

Leite disse que a reforma tem custo total de R$ 2,88 bilhões e os investimentos mais altos serão feitos em 2022 e 2023. No pico da reforma, a estimativa é que 5 mil pessoas estejam envolvidas no projeto. “Vamos parar o forno por 110 dias, entre 23 de abril de 2023 e 10 de agosto”, afirmou Leite.

Sérgio Leite: “Variação no PIB afeta mais o setor do que as incertezas políticas” — Foto: Leo Pinheiro/Valor (reprodução Valor Econômico)

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/02/14/usiminas-divulga-lucro-de-r-10-bi-o-maior-da-historia.ghtml)

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