Obra em ferrovia é aposta para elevar volume de carga

Federação das Indústrias do Espírito Santo aponta que o investimento de cerca de R$ 2,8 bilhões seria capaz de triplicar movimentação de cargas para 22 milhões de toneladas anuais em 2035

Valor Econômico – Um novo contorno ferroviário da Serra do Tigre, entre os municípios de Patrocínio e Sete Lagoas (MG), é a principal aposta de empresários capixabas para dinamizar o fluxo de cargas – principalmente do agronegócio – em direção aos portos do Espírito Santo. A obra está sendo discutida no âmbito da prorrogação antecipada, por 30 anos, do contrato de concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). A concessão atual expira em agosto de 2026.

Essa obra não está na proposta original de renovação do contrato, que foi colocada em audiência pública. A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) aponta que o investimento – cerca de R$ 2,8 bilhões – seria capaz de elevar a movimentação de cargas por meio desse corredor logístico para 22 milhões de toneladas anuais em 2035. É o triplo das 7 milhões de toneladas anuais projetadas para duas décadas depois, em 2055, sem a criação da nova infraestrutura.

Uma das críticas ao modelo de privatização da Codesa, que administra os portos de Vitória e Barra do Riacho, é sobre a suposta subestimativa de demanda nos estudos oficiais. De fato, as previsões não incluem o contorno da Serra do Tigre como uma das contrapartidas exigidas na renovação antecipada da FCA.

O Valor apurou que o Ministério da Infraestrutura ainda não se convenceu sobre o projeto defendido pela Findes. A prioridade da pasta é exigir da concessionária um investimento “cruzado” na construção de um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre a Bahia e Tocantins, conectando-a com a Norte-Sul.

O novo contorno da Serra do Tigre, ao fazer com que trens não mais precisem subir a montanha, permitiria um aumento da velocidade média das locomotivas dos atuais 12 km/h para 45 km/h, além do consumo de combustível 30% menor. O custo do frete cairia 7,5%, conforme estudo da Fundação Dom Cabral, encomendado pela Findes. Seria um ganho para produtores de grãos, especialmente de Minas e Goiás.

“É imprescindível que os recursos da outorga [da FCA] sejam aplicados prioritariamente no corredor existente, onde muito dinheiro público e privado já foi investido”, afirma a presidente da federação industrial, Cris Samorini. Para ela, é importante haver o aprimoramento e a utilização plena de capacidade da malha, para somente depois direcionar recursos para outros corredores.

Além dos portos administrados pela Codesa, outros dois terminais privados estão no planejamento do Espírito Santo: o Porto Central (em Presidente Kennedy) e a Petrocity (São Mateus). Além deles, o Porto da Imetame Logística (em Aracruz) está em obras.

Cris Samorini: investimento no corredor é visto como imprescindível — Foto: Divulgação (Reprodução Valor Econômico)

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/11/16/obra-em-ferrovia-e-aposta-para-elevar-volume-de-carga.ghtml)

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