Impacto da alta do carvão no custo do aço será pequeno no 1º trimestre, diz vice-presidente da Usiminas

Companhia encerrou 2021 com caixa e equivalentes de caixa consolidado de R$ 7,02 bilhões, 44,3% acima do saldo de 2020; recursos serão usados para financiar reforço do Alto Forno 3

Valor Econômico – A Usiminas informou em teleconferência para investidores e analistas de mercado que a alta do carvão terá efeito pequeno nos custos de produção do aço no primeiro trimestre deste ano, mas com efeito mais intenso a partir do segundo. Vice-presidente de finanças e relações com investidores da empresa, Alberto Ono observou que a companhia tem estoque de carvão suficiente para quatro meses.

Dessa forma, o aumento nos preços do carvão será incorporado aos custos produtivos ao longo dos próximos meses. Alberto Ono acrescentou que, no caso da compra de placas para produção de laminados, a dinâmica de custos é diferente.

“É difícil falar, na composição geral, como vai ser o comportamento do carvão nos custos. Mas no primeiro trimestre, não deve ter efeito tão forte. A partir do segundo trimestre, deve-se observar algo mais intenso. A valorização do real também deve afetar essa dinâmica”, afirmou Ono.

O executivo acrescentou que as despesas operacionais no primeiro trimestre devem ser mais altas devido ao reajuste de salários, que deve acompanhar a inflação dos últimos 12 meses, e devido à maior participação das exportações nas vendas totais.

Em relação ao reajuste de preços, o vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, disse que o aumento para as montadoras que renegociam preços em janeiro ficou entre 60% e 70%. Esses contratos representam em torno de 20% do volume de vendas da companhia.

Nas duas últimas semanas, a Usiminas começou a renegociar os contratos com validade em abril de montadoras. “Hoje, acredito que as negociações de abril devem seguir uma linha similar ao que foi feito em janeiro, porque o cenário será semelhante”, afirmou Homes.

No ano passado, o setor automotivo respondeu por 32,3% das vendas da Usiminas. Grandes redes de distribuição representaram 34,1% do total e outras indústrias, 34,9%.

Reforço do Alto Forno 3

A Usiminas reforçou o caixa no ano passado para ter à disposição recursos para financiar a reforma do Alto Forno 3 e manter a produção no período em que a estrutura estiver paralisada. A companhia encerrou 2021 com caixa e equivalentes de caixa consolidado de R$ 7,02 bilhões, 44,3% acima do saldo de 2020.

Analistas de mercado consideraram muito conservadora a manutenção de um caixa nesse nível e questionaram se a empresa poderia mudar a sua política de distribuição de dividendos.

“Em 2022 e 2023, vamos ter investimentos em valores mais expressivos e esse capex vai ser financiado pela geração de caixa”, afirmou Alberto Ono. O investimento previsto para 2022 é de R$ 2,05 bilhões, ante R$ 1,5 bilhão em 2021. O executivo estima que os investimentos em 2023 também devem-se se manter em patamar próximo aos R$ 2 bilhões.

Ono disse que a Usiminas vai começar de fato a reforma do Alto Forno 3 no segundo trimestre de 2023, sendo este o maior investimento nos próximos dois anos. Mas antes de começar a reforma, a companhia vai estocar placas para alimentar as linhas de laminação no período de parada do Alto Forno, previsto para durar em torno de 100 dias. “Com isso, fica a necessidade de manter uma gestão mais conservadora de caixa, pelo menos até terminar a reforma do Alto Forno 3”, afirmou Ono.

O executivo disse que não há previsão de mudar a política de distribuição de dividendos, atualmente equivalente a 25% dos lucros. Questionado sobre a possibilidade de a companhia aproveitar o caixa para antecipar ou renegociar alguma dívida de longo prazo, Ono disse que avalia opções no mercado, mas não há nenhuma novidade nesse aspecto.

Questionado ainda sobre a possibilidade de a Usiminas investir em nova linha de galvanização, Ono afirmou que a empresa estuda ter nova linha, mas não há nada aprovado pelo conselho de administração. “Estamos olhando a eventual oportunidade, tendo em vista que é um produto com boa intensidade de importações. Entendemos que é uma oportunidade de mercado”, afirmou.

Reprodução Valor Econômico

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/02/11/impacto-da-alta-do-carvao-no-custo-do-aco-sera-pequeno-no-1o-trimestre-diz-vice-presidente-da-usiminas.ghtml)

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