Setor lista renovação antecipada das concessões, novas concessões e o regime de autorizações para construção e ampliação de ferrovias
Com menos abertura no mercado externo, os fabricantes de locomotivas e vagões de cargas apostam em três pilares para voltar a produzir: renovação antecipada das concessões, novas concessões e o regime de autorizações. A antecipação vem acompanhada do compromisso de investimentos, as novas concessões ampliam a malha ferroviária e as autorizações podem agilizar processos e viabilizam de grandes a pequenos trechos. Mas nenhuma das soluções indica uma saída de curto prazo.
Eduardo Scolari, presidente da Greenbrier Maxion, fabricante de vagões com unidades em Cruzeiro e Hortolândia, ambas no interior de São Paulo, vê nas renovações e autorizações importantes instrumentos de retomada, mas para o médio prazo. Os investimentos iniciais dos operadores sempre são em infraestrutura, o material rodante fica para o terceiro ou
No curto prazo, a situação é delicada. “Tivemos um primeiro semestre bom, mas não tenho nenhum contrato para a segunda metade do ano e zero para 2023”, afirma. Com 900 funcionários, Scolari não descarta algum ajuste no quadro, mas a decisão é difícil diante da escassez de pessoal qualificado no mercado. “Recontratar é muito difícil”, diz.
Se não há demanda por vagões novos, Scolari defende um programa para ajudar a indústria entre o momento atual e a onda de novas encomendas daqui a três ou quatro anos. A solução seria a renovação da atual frota. Ele estima que hoje são cerca de 150 mil vagões rodando, sendo 80 mil com mais de 40 anos, com 40 mil completamente obsoletos. “Para não dizer cacarecos”, brinca o executivo. “Um programa de renovação de 10 anos colocaria para o setor 4 mil vagões por ano. Somando as novas encomendas daria condições do setor atravessar esse período.”
Com participação no mercado de vagões entre 25% e 30%, a Randon também vê nas renovações antecipadas a melhor solução para o setor. “Caso contrário, nos últimos cinco anos da concessão não se investe mais porque o concessionário não sabe se vai permanecer com a ferrovia”, avalia Wilson Ferri, diretor comercial da Randon Implementos. A linha de produção de vagões em Araraquara (SP) divide espaço com os implementos rodoviários, o que ajuda a enfrentar os momentos de baixa do setor.
Ferri conta que a Randon tem como estratégia apostar mais nos projetos individuais do que nas reformas dos vagões. “Não existe um vagão igual ao outro.” Nesse caso são considerados tipo de carga, o trajeto, local de partida e chegada, entre outros aspectos. “Cada projeto é feito sob encomenda”, diz.
Como as primeiras renovações antecipadas foram assinadas em 2020 – Rumo Malha Paulista e duas ferrovias da Vale -, Ferri acredita que a retomada possa ocorrer já em 2023. “Em 2023 e 2024 podemos produzir de 2 mil a 2,5 mil vagões e chegar a 3 mil em 2026”, estima o executivo para o setor.
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