Suzano vai montar megafábrica com aporte de R$ 19,3 bi

Projeto Cerrado, no MS, será maior linha única de produção de celulose de eucalipto do mundo e entrará em operação no segundo semestre de 2024

Valor Econômico – Maior produtora de celulose de eucalipto, a Suzano vai se consolidar no topo da indústria global, em escala e competitividade, com o início de operação do Projeto Cerrado, no segundo semestre de 2024. Mediante investimento total de R$ 19,3 bilhões, a companhia brasileira vai construir a maior linha única desse tipo de fibra em Ribas do Rio Pardo (MS), com capacidade de 2,55 milhões de toneladas anuais e o menor custo caixa de produção do mundo, inferior a R$ 400 por tonelada no longo prazo.

Ao mesmo tempo em que eleva em mais de 20% a capacidade de produção de celulose da Suzano, para 13,45 milhões de toneladas anuais, o projeto contribuirá para o cumprimento de metas ESG e vai gerar valor mesmo em momentos mais ácidos de câmbio e preços. “É um projeto transformacional para o negócio de celulose, para o setor, para as comunidades”, disse ao Valor o presidente da Suzano, Walter Schalka.

Conforme o executivo, o mundo caminha para um novo modelo de negócios, mais sustentável, e a biomassa brasileira já é bastante competitiva. Com o Projeto Cerrado, acrescentou, a Suzano estará muito bem posicionada para explorar novas aplicações para a fibra. “O modelo futuro de negócios será de origem renovável e a COP26 mostra isso, apesar da resistência do modelo atual”, disse Schalka, que participará nesta semana da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Aproximadamente 75% do investimento total na megafábrica será feito em 2022 e 2023; início de operação no ano seguinte

A companhia projeta crescimento de um dígito alto da demanda global de celulose de fibra curta nos próximos anos, garantindo a absorção da oferta adicional. Além da substituição da celulose de fibra longa pela fibra curta, a substituição de materiais de origem fóssil pelos de origem renovável suporta essa perspectiva.

A maior parte dos desembolsos relativos ao projeto vai ocorrer entre 2022 e 2023, totalizando 75% do investimento total de R$ 19,3 bilhões – o aporte industrial corresponde a R$ 14,7 bilhões desse valor e R$ 4,6 bilhões serão destinados às atividades florestais e logística, entre outras iniciativas. “Mesmo em um cenário de muito estresse, o projeto gera retorno”, disse o diretor de finanças, relações com investidores e jurídico da Suzano, Marcelo Bacci, considerando-se um intervalo de preços de celulose de US$ 480 por tonelada a US$ 600 por tonelada e câmbio entre R$ 4,50 e R$ 6.

Uma vez que a companhia tem sólida posição de caixa e é forte geradora de caixa – em 12 meses até setembro, o resultado operacional (Ebitda) ajustado da Suzano totalizou R$ 21 bilhões, acima do valor que será investido até 2024 -, não há planos de contratação de financiamento específico para o projeto. A alavancagem financeira deve permanecer abaixo de 3,5 vezes, pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ao longo do período de investimento.

Nos 12 primeiros meses de operação, a nova fábrica produzirá mais de 2 milhões de toneladas de celulose, de acordo com o diretor operacional de celulose da Suzano, Aires Galhardo. Segundo o executivo, o projeto corresponde à maior linha única de celulose de eucalipto do mundo e terá o menor custo caixa de produção entre os ativos industriais da companhia, reflexo também do excedente de energia que será vendido. Inicialmente, esse custo será de até R$ 500 por tonelada – para efeito de comparação, o custo caixa de produção da Suzano no terceiro trimestre ficou em R$ 711 por tonelada, pressionado sobretudo pela alta das commodities.

A fábrica de Ribas será ainda a mais eficiente da Suzano, devido ao baixo nível de emissão de carbono, e contará com tecnologia de gaseificação da biomassa para substituição de combustível fóssil nos fornos de cal.

Segundo o diretor florestal, logística e suprimentos Carlos Aníbal, a Suzano já garantiu 100% da madeira necessária para o início de operação e assegurou cerca de 90% das necessidades até 2030. Para atender ao Projeto Cerrado e a fábrica de celulose de Três Lagoas, a companhia conta com 600 mil hectares de base florestal em Mato Grosso do Sul. A distância média de apenas 65 quilômetros entre fábrica e floresta contribui para a elevada competitividade do Projeto Cerrado.

Conforme Aníbal, a celulose produzida na nova fábrica seguirá por rodovia até um terminal em Inocência (MS) e, de lá, seguirá por ferrovia até o porto de Santos. A companhia já tem um memorando de entendimentos com a Rumo referente a essa etapa do transporte e tem negociações em andamento com diversas companhias de navegação que já são prestadoras de serviço à empresa.

A unidade será autossuficiente em energia, gerada a partir de fonte renovável, e exportará para a rede um excedente de aproximadamente 180 megawatts (MW) médios, suficiente para abastecer uma cidade com 2,3 milhões de habitantes por um mês. No pico das obras, a estimativa é que sejam gerados cerca de 10 mil empregos diretos e milhares de empregos indiretos. Em operação, a fábrica empregará cerca de 3 mil pessoas.

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/11/08/suzano-vai-montar-megafabrica-com-aporte-de-r-193-bi.ghtml)

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