Traçado da ferrovia Fiol enfrenta críticas na Bahia

Projeto, que liga mina de ferro a porto em Ilhéus, sofre resistências de ambientalistas, pesquisadores, donos de fazendas e empresários da região

O projeto da ferrovia Fiol encontra resistências e críticas de ambientalistas, pesquisadores, donos de fazendas e empresários da região sudeste baiana. Reportagem publicada pelo Valor em março mostrou que existe o temor de que a ferrovia, que liga uma mina de ferro em Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus, traga destruição.

Segundo a reportagem, um estudo feito em 1993 por pesquisadores do Jardim Botânico de Nova York identificou na região um “hotspot” de biodiversidade da Mata Atlântica com a maior diversidade de árvores do mundo. São 450 espécies diferentes em um só hectare de floresta.

“Estamos falando de um projeto que é péssimo negócio. Faz estragos na economia que existe na região [da costa do cacau] e na área onde está o projeto de minério de ferro”, disse Rui Barbosa da Rocha, fundador do Instituto Floresta Viva, no filme “Uma breve história do progresso”.

A Pedra de Ferro, da Bamin, é um projeto de extração de minério de ferro por 30 anos nos municípios de Caetité e Pindaí. “Trata-se de empreendimento de grande porte, com alto potencial poluidor”, diz nota o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que concedeu as licenças da mina.

O traçado da ferrovia corta floresta, divide fazendas e assentamentos, separa povoados ao meio. Terá impacto na biodiversidade e no seu entorno, como na linda Lagoa Encantada onde mais de mil famílias sobrevivem da pesca. “É um projeto errado”, diz Rui Rocha. “Aqui é um lugar espetacular. Tem maciços de Mata Atlântica e água abundante, comunidades tradicionais de pescadores e de pequenos produtores. É o cenário da economia do cacau retratado na literatura de Jorge Amado”, lembra.

Ana Paranhos Monteiro é da quarta geração de tradicional família da região. Obras da Fiol já cortam a propriedade que hoje produz cacau no sistema agroflorestal conhecido por cabruca. Tudo o que sai da fazenda é certificado. “Imagine o impacto se o minério não estiver envelopado”, teme Ana. Ela diz que o terreno é acidentado e pedregoso. “Como farão para construir? Vão explodir bombas?”

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/04/06/tracado-da-ferrovia-fiol-enfrenta-criticas-na-bahia.ghtml)

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