O plano seria criar um novo canal de escoamento da produção agrícola do MT, mas ainda há dúvidas sobre viabilidade
O Ministério de Infraestrutura estuda uma nova concessão com os demais trechos da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), que poderão ser licitados em bloco com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). A ideia seria formar um novo corredor de escoamento do Mato Grosso até o litoral baiano, segundo o ministro Tarcísio de Freitas.
O governo licitou só o primeiro pedaço da Fiol, de Ilhéus (BA) até Caetité (BA). A via tem ainda dois outros trechos: o segundo vai de Caetité até Barreiras (BA); e o terceiro, de Barreiras até Figueirópolis (TO), onde haverá conexão com a Ferrovia Norte-Sul.
A construção do segundo tramo já está em curso – uma parte é feita pelo Exército e outra parcela será licitada. O andamento da obra vai se beneficiar do processo de renovação antecipada das concessões de ferrovias da Vale – a empresa conseguiu prorrogar seus contratos em troca de novos investimentos, e uma parcela deles serão destinados à Fiol. “A partir da entrada desses recursos, vamos ver avançando a passos mais largos”, disse o ministro.
O terceiro trecho ainda não começou a ser construído. O governo quer destinar os recursos da renovação antecipada da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), da VLI, ao projeto, mas ainda não há uma definição. Como a malha passa por diversos Estados, os investimentos que serão gerados a partir da prorrogação têm sido alvo de muita disputa. A previsão é que o processo seja concluído até o primeiro semestre de 2022.
Já a Fico, que ligará Água Boa (MT) até Mara Rosa (GO), fazendo também conexão com a Norte-Sul, deverá ser construída pela Vale, também dentro do pacote de investimentos decorrentes da renovação antecipada. A expectativa é que as obras comecem em maio, disse o ministro. No futuro, há planos para que a Fico chegue até a cidade de Lucas do Rio Verde (MT), mas essa extensão não está no escopo das obras que serão feitas pela mineradora.
Freitas afirmou que há estudos para que os trechos sejam licitados em conjunto. “Fizemos alguns ensaios de modelagem econômica para uma estruturação Fico-Fiol, e o resultado foi revelador, se mostra auspicioso, mostrou um VPL [Valor Presente Líquido] positivo. Um VPL desse nos sugere que pode ser um leilão interessante e que faz sentido.”
Caso os estudos avancem de forma positiva, o novo projeto poderia ser praticamente concluído até o fim de 2022, para que o leilão pudesse ser realizado em 2023, estima o ministro.
“Nosso objetivo é dar algumas opções ao produtor do Mato Grosso para acessar os portos e escoar sua produção, pode ser por Itaqui (MA), por Ilhéus (BA), por Santos (SP). Essa disponibilidade certamente vai impactar o custo de transporte”, disse.
No mercado, a possibilidade de um novo corredor de escoamento agrícola do Mato Grosso gera muito interesse. Alguns operadores chegaram a estudar o leilão do primeiro trecho da Fiol de olho nessa perspectiva.
No entanto, ainda há dúvidas sobre como seria a ligação Fico-Fiol. O problema é que as duas ferrovias deverão se conectar ao trecho central Ferrovia Norte-Sul, que é operado pela Rumo. Porém, a ligação não seria direta – ou seja, a carga necessariamente teria que passar por um pedaço da via operada pela Rumo, o que poderá tirar a competitividade do trajeto.
Questionado sobre a possibilidade de alterar o traçado para que a ligação entre as vias seja direta, sem necessidade de usar a malha da Rumo, o ministro explicou que essa mudança não é possível por uma limitação técnica e geográfica, já que o novo traçado – com a Fiol se conectando à Norte-Sul em uma cidade mais ao sul – esbarraria em dificuldades na topografia, o que elevaria custos e traria problemas no licenciamento ambiental do projeto.
Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/04/09/governo-estuda-concessao-de-corredor-fico-fiol.ghtml)
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