Ao retornar a US$ 220 por tonelada, preço do minério dobra em um ano

Preço médio no primeiro semestre chega a US$ 180,55 por tonelada, o dobro do valor registrado no mesmo período de 2020

Apesar dos esforços do governo chinês para conter o avanço dos preços das commodities nos últimos meses, o minério de ferro voltou a ser negociado perto de US$ 220 por tonelada, alcançando na sexta-feira o maior nível em três semanas. Com a trajetória recente, após um breve momento de correção, o preço médio da principal matéria-prima do aço no primeiro semestre chega a US$ 180,55 por tonelada, no mercado à vista – referência para os contratos transoceânicos -, o dobro do valor registrado no mesmo período de 2020.

Demanda aquecida e restrições na oferta deram suporte à valorização da commodity nos últimos dias. Aos fatores de curto prazo específicos ao mercado de minério, soma-se o crescimento econômico mais forte do que o esperado em diferentes regiões, que acabou se refletindo na valorização generalizada das matérias-primas.

Para analistas e consultores, não há fundamentos que justifiquem preços tão elevados para o minério e a expectativa é de alguma correção a partir do segundo semestre – o ritmo de queda vai depender dos níveis de produção de aço na China.

“Esperamos que o preço diminua à medida que haja acomodação no mercado, embora seja difícil prever em que momento isso vai acontecer”, escreveu o principal analista do CRU Group, Erik Hedborg, em relatório recente.

Desde o fim de maio, diz o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, o preço do minério avançou US$ 21 a tonelada, em trajetória que revela que o balanço entre oferta e demanda global permanece “bastante apertado, suportado por níveis recordes de produção de aço na China”.

De janeiro a maio, a produção chinesa do insumo cresceu 17% na comparação com o mesmo período de 2020. “Parece que os fundamentos voltaram a prevalecer depois que alguns oficiais de alto escalão chineses ensaiaram medidas que o mercado interpretou como tentativas de controlar o ambiente de preços”, afirma.

Mas o analista pondera que é consensual que os níveis atuais são insustentáveis por muito tempo. “Acreditamos em uma normalização de preços de minério no segundo semestre deste ano, quando esperamos que a produção de aço na China deve perder um pouco de força e a oferta de minério de ferro é sazonalmente maior”, acrescenta.

Para Hedborg, do CRU Group, a combinação de condições melhores de estoque na China e demanda ligeiramente maior no resto do mundo sugere que o mercado está tão apertado quanto estava quando o minério de ferro era negociado por pouco mais de US$ 100 por tonelada, o que confirma que não há sustentação para os preços atuais.

Em amplo relatório sobre as expectativas para os preços dos metais e commodities minerais, a Moody’s Investors Service elevou suas projeções de médio prazo, diante da firme atividade econômica global e da demanda aquecida por esses materiais – apenas as estimativas para ouro e prata não foram alteradas.

No caso do minério de ferro, a agência prevê US$ 160 por tonelada nos próximos 12 meses. O intervalo de preços estimado para o médio prazo, por sua vez, foi elevado de US$ 70 a US$ 100 para US$ 80 a US$ 125 por tonelada. Para a Moody’s, a demanda de aço permanecerá forte neste ano, ao mesmo tempo em que restrições de oferta e ausência de novas capacidades de minério limitarão o volume disponível, suportando preços em níveis elevados.

“Elevamos nossas premissas de preços de curto prazo para metais e commodities de mineração, refletindo a recuperação econômica mundial mais firme e a recomposição de estoques”, escreveu a equipe de vice-presidentes e analistas da Moody’s dedicada à área.

Conforme a agência, embora o aumento dos estoques vá limitar o avanço dos preços à medida que a produção desses materiais se expanda, o nível desses inventários ainda ficará abaixo do visto em anos anteriores, suportando cotações mais elevadas.

Nesse ambiente, segue a agência, os preços dos metais básicos se aproximaram de níveis recordes neste segundo trimestre de 2021. No aço, a recuperação da demanda e alguma escassez de oferta resultaram em nova valorização.

Para o cobre, Moody’s projeta US$ 4 a libra-peso nos próximos 12 meses e elevou de US$ 2,25 a US$ 3 para US$ 2,75 a US$ 3,50 por libra-peso o intervalo de preços estimado para o médio prazo.

Na sexta-feira, segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro avançou 1,12% no porto chinês de Qingdao, para US$ 219,26 por tonelada, o maior preço desde 18 de maio. Com esse desempenho, a commodity passa a exibir ganho acumulado de 10,3% em junho. No ano, a valorização é de quase 37%.

Na Bolsa de Commodity de Dalian, os futuros de minério também refletiram o temor de desequilíbrio entre oferta e demanda e marcaram a segunda semana consecutiva de alta. Os contratos mais negociados, com vencimento em setembro, encerraram a sessão diurna com valorização de 5,9%, a 1.247 yuans por tonelada.

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/06/14/ao-retornar-a-us-220-por-tonelada-preco-do-minerio-dobra-em-um-ano.ghtml)

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