Altas de vendas e preço impulsionam indústria

Empresas de Mato Grosso que atuam com madeira nativa com manejo sustentável aproveitam mercado aquecido

Valor Econômico – O aumento dos preços e da demanda por madeira nativa oriunda do manejo florestal tem impulsionado a indústria em Mato Grosso. As toras que saem das áreas de reserva legal das fazendas abastecem serrarias e empresas de beneficiamento. E o leque de produtos gerados é grande: madeira bruta, tábuas, vigas, telhados, forros, escoramento, móveis, pisos, decks, revestimentos, portas, batentes, carroceria de caminhão, barcos de pesca, entre muitos outros. As sobras, antes um grave problema ambiental, viraram matéria-prima para biocombustíveis.

A Brasil Tropical Pisos (BTP), de Alta Floresta, que industrializa produtos de jatobá, ipê, cumaru, muiracatiara, tauari, sucupira preta, garapeira, entre outras espécies, é uma das companhias em expansão. Emprega 159 funcionários e produz 45 contêineres de pisos, com foco na exportação aos EUA. O presidente da BTP, Leandro Serafin, abriu uma distribuidora naquele país em 2017 para facilitar os negócios e pretende ampliar a presença no exterior – a BTP também vende decks à Europa.

A exportação é feita a 3 mil quilômetros dali, pelo porto de Itajaí (SC) onde os produtos chegam de caminhão, e os entraves logísticos da pandemia atrapalharam o fluxo em 2021 – em dezembro, a empresa tinha 70 cargas paradas, à espera de embarque. Em 2019, a BTP investiu R$ 8 milhões na construção de um galpão e na aquisição da máquina que faz o acabamento nos pisos de madeira com verniz sueco. Nos EUA, o produto tem 25 anos de garantia.

A madeireira de Carlito Henrique Luis, também em Alta Floresta, atua apenas no mercado nacional com madeira de manejo. Ele fabrica até pallets para frigoríficos do Estado que exportam carne. E nada se desperdiça. Os pedaços de madeira descartados viram cavacos, biomassa usada por usinas de etanol de milho e, recentemente, investiu R$ 700 mil em placas solares com capacidade de geração de 20 mil Kwh por mês.

O setor emprega, em média, nove pessoas ao longo de toda a cadeia produtiva, desde o “mateiro” – pessoa geralmente nativa da região que entra no mato para identificar se há potencial comercial de exploração – até os funcionários das serrarias, indústrias e lojas de materiais florestais. A atividade ainda facilita o trabalho dos extrativistas, que colhem a castanha-do-pará na mata nativa.

Outro passo que o setor quer dar é expandir a fabricação de móveis, com mais valor agregado. A empresa Arboreal, de São Paulo, por exemplo, usa madeira nativa de Mato Grosso em produtos que misturam rusticidade e luxo e agradam a compradores como Ronaldo “Fenômeno”.

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/01/24/altas-de-vendas-e-preco-impulsionam-industria.ghtml)

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