Concessionária da Cosan vai disputar leilão da Norte-Sul

A Rumo, maior operadora logística de base ferroviária do país, vai disputar o leilão da Ferrovia Norte-Sul, marcado para o dia 28. Segundo o presidente da Cosan, Marcos Lutz, a controlada fará uma proposta pela concessão do trecho de pouco mais de 1,5 mil quilômetros entre Porto Nacional (TO) e Estrela D’ Oeste (SP), com valor mínimo de outorga de R$ 1,353 bilhão. Não está claro, porém, se o valor que deve ser ofertado é competitivo.

 

“Vamos fazer uma oferta. Se vai ser competitiva, é outra história”, disse Lutz, após as apresentações do Cosan Day, realizado ontem em São Paulo. Por ter a maior malha ferroviária do país, para a Rumo, olhar o ativo é visto como obrigação. O edital, que recebeu uma série de questionamentos, está sendo estudado “profundamente”.

 

De acordo com o presidente da Rumo, Júlio Fontana, a companhia recebeu na sexta-feira à noite um caderno com algumas centenas de páginas com respostas a questionamentos sobre o edital, apresentados por interessados no certame. “Há alguns problemas”, observou. Ainda assim, a concessionária apresentará sua oferta. “Talvez não seja competitiva”, reiterou Lutz.

 

A alguns dias de transferir a presidência da Rumo para João Alberto Fernandez de Abreu, Fontana disse que o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) manterá a expansão de dois dígitos nos próximos anos, referindo-se à projeção de alta média anual de 15% até 2023. Com essa taxa, o Ebitda alcançará algo entre R$ 6,2 bilhões e R$ 6,9 bilhões naquele ano, frente ao intervalo de R$ 3,85 bilhões a R$ 4,15 bilhões estimado para 2019.

 

A projeção para os resultados, porém, foi ofuscada pelo programa de investimentos anunciado ontem. Para o intervalo de 2019 a 2023, a companhia prevê desembolso total de R$ 13 bilhões a R$ 15 bilhões. Somente neste ano, serão investidos de R$ 2 bilhões a R$ 2,2 bilhões, acima do que o mercado esperava – como resultado, as ações da Rumo fecharam o dia em baixa de 4,89%, a R$ 19,46.

 

O orçamento apresentado ontem inclui a adoção de trens de 120 vagões na operação Norte, em lugar de trens com 80 vagões como ocorre hoje. Essa mudança elevará em 50% a capacidade ferroviária, com ganho de produtividade, competitividade e eficiência de custos, conforme Beto Abreu.

 

O investimento faz parte de um projeto maior para a operação Norte, cujo foco é a produção de grãos em Mato Grosso e é a grande aposta da Rumo. Nos próximos dez anos, comentou Abreu, haverá crescimento relevante dos volumes produzidos no Estado e 70% seguirá sendo exportado. “Aí está a grande oportunidade de crescimento”, disse. Para fazer frente a essa expansão, investimentos em capacidade operacional serão elevados. Após o lançamento da pedra fundamental do terminal em Sorriso (MT), a companhia investirá em extensão da Malha Norte. Esse projeto, porém, depende da aprovação final da Malha Paulista.

 

Além do leilão da Norte-Sul, a Cosan estará na disputa dos terminais portuários que serão licitados nesta sexta-feira na B3. Segundo o presidente da Raízen, Luiz Henrique Guimarães, a empresa tem interesse em todos os ativos que estiverem disponíveis – são três terminais no Porto de Cabedelo (PB) e um em Vitória (ES), mas a companhia obteve uma liminar que suspende a disputa por um dos terminais de Cabedelo. A joint venture entre Shell e Cosan também tem interesse em terminais dedicados a combustíveis em Belém (PA), que serão leiloados em abril.

 

Segundo Lutz, a estratégia de longo prazo da Cosan ainda é a de ter uma única holding, abaixo da qual aparecem as empresas operacionais, listadas em bolsa. Mas não há previsão de quando essa estrutura será alcançada. Hoje, existem três: além da Cosan S.A, a CZZ e a Cosan Logística. “O prazo para chegar lá, não sei dizer. Mas vamos dando passos nessa direção”.

 

Ele defendeu ainda a estratégia de alocação de recursos na recompra de ações de empresas do grupo. “Se houver um ativo mais atrativo do que a minha própria ação, vamos olhar essa aquisição”, ponderou. Um processo de venda de refinarias da Petrobras, por exemplo, será acompanhado. A princípio, contudo, não haveria interesse nesses ativos. Em 2019, o Ebitda consolidado da Cosan S.A. deve ficar entre R$ 5,6 bilhões e R$ 6 bilhões, ante R$ 5,1 bilhões em 2018.

 

Fonte: Valor Econômico

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