Grupo Randon cresce no 1º tri, mas despesa financeira derruba lucro

Valor Econômico – Holding passa a se chamar Randoncorp e consolida as cinco áreas de negócios

Mesmo com o resultado final prejudicado pelo aumento da despesa financeira provocado pela alta de juros, o grupo Randon define o desempenho no primeiro trimestre como muito bom. Sempre na comparação anual, a holding, recém-nomeada Randoncorp, fechou o período com crescimento da receita líquida de 7,3%, somando R$ 2,7 bilhões. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) subiu 10,2% para R$ 442,2 milhões. A margem Ebitda ficou em 16,6%, contra 16,2% há um ano.

Mas o outro lado da moeda mostra queda no lucro de 6,1%, para R$ 122,1 milhões, comparado ao primeiro trimestre de 2022. A margem ficou em 4,6%, 0,7 pontos percentuais a menos. Já a alavancagem (dívida líquida/Ebitda) fechou o período em 1,68 vez, ante 1,1 vez no fim de dezembro. O endividamento líquido era de R$ 2,5 bilhões em março, alta de 18,2%. Parte do aumento da dívida nos primeiros três meses foi provocado também pela aquisição, por 18,2 milhões de libras (cerca de US$ 22 milhões), da AML Juratek pela controlada Fras-le no Reino Unido e a conclusão da parceria com a Gerdau para atuar na locação de veículos pesados.

“Estamos felizes com o resultado, principalmente porque foi obtido dentro de um cenário com muitas incertezas. Com taxas de juros alta, escassez de financiamento e apreensão com o que viria com o novo governo, como reformas ou novas políticas”, afirmou Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp e primeiro executivo não pertencente à família controladora a dirigir o grupo. Com um papel mais institucional, o presidente é Daniel Randon, filho de Raul que, ao lado do irmão Hercílio, fundou a empresa há 74 anos.

Carvalho avalia que mesmo com a alta da alavancagem no primeiro trimestre, o endividamento do grupo é baixo, mas o custo financeiro subiu no embalo da taxa de juros. Ele define como uma “alavancagem ideal” para a Randoncorp de 1 vez. “Somos conservadores nesse ponto. Elevamos um pouco por conta dos novos negócios e agora é trabalhar para reduzir.”

O executivo entende que o resultado reflete o plano de diversificação do grupo, tanto em negócios como em regiões. No primeiro trimestre a receita no exterior atingiu US$ 111 milhões, alta de 11,1%. O grupo tem sido agressivo na internacionalização. Hoje 20% da receita já vem do exterior e a meta é chegar a 30% em quatro a cinco anos. Em 2023 deve ficar na casa dos 23% a 24% do total.

Dentro dessa estratégia, a Randoncorp adquiriu, em novembro, a fabricante americana de reboques Hercules. A produção local se soma às exportações do Brasil para os Estados Unidos, que começaram a ganhar força no ano passado. “Estamos entre os dez maiores fabricantes de semirreboques do mundo, mas o mercado latino representa apenas 5% das vendas globais. Já a demanda nos Estados Unidos está muito aquecida”, afirma Carvalho para mostrar o potencial que a empresa enxerga nesse segmento. Ele cita ainda outros negócios no exterior, como os da Fras-le nos Estados Unidos e Reino Unido e da Suspensys no México.

O mercado brasileiro ainda responde por 80% da receita, sendo que 20% têm origem na reposição e 60% nos semirreboques e autopeças. O CEO conta que a área de reposição é menos afetada por questões de curto prazo e apresenta desempenho mais regular ao longo do tempo. Já os outros 60% sofrem mais influência do sobe e desce da economia. Ele ainda divide essa parcela em dois grupos. “Diria que 36% (dentro dos 60%) estão ligados ao agronegócio, que tem apresentado bons resultados. Os outros 24% nos preocupam mais porque dependem do PIB geral.”

Como exemplo é citada a queda de venda de caminhões no primeiro trimestre, o que afetou principalmente a área de autopeças. Mas as estimativas para o ano estão mantidas. A expectativa é de receita líquida entre R$ 10,5 bilhões e R$ 12 bilhões, mercado externo gerando entre US$ 520 milhões e US$ 570 milhões, margem Ebitda de 13% a 16% e investimentos entre R$ 340 milhões e R$ 370 milhões.

Com a mudança da marca anunciada no fim de abril, o grupo passa a ser chamado de Randoncorp. A Randon será usada apenas para designar o negócio de semirreboques, uma das cinco áreas de atuação da companhia e responsável por 35% da receita. As outras quatro são autopeças (Suspensys, Master e Jost) que geram 35% do faturamento, movimento (Fras-le) com 25% da receita, serviços financeiros (banco, seguradora e outros) com 3,5% do total faturado e tecnologia com 1,5% da receita.

Menor em receita, mas no centro do plano de expansão, o braço de tecnologia é o caminho futuro do grupo, com projetos, por exemplo, de pesquisas em materiais, nanotecnologia e eletromobilidade. “Desenvolvemos com tecnologia 100% brasileira uma carreta elétrica que reduz o consumo de diesel de 15% a 25%. Estamos na vanguarda até mesmo em relação a países considerados de ponta, como a Alemanha”, afirma Carvalho.

Foto: captura de tela Valor Econômico

Fonte: Valor Econômico/Carlos Prieto (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/05/11/grupo-randon-cresce-no-1o-tri-mas-despesa-financeira-derruba-lucro.ghtml)

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