Norte de Minas enfrenta gargalos logísticos para exportar banana

Abundância de frutas, clima favorável, pessoas engajadas. Com recursos e expertise, o Norte de Minas se destaca, entre outros fatores, pela produção de bananas e pela fruticultura como um todo. Mas os produtores mineiros buscam ir além das fronteiras nacionais com a banana produzida em Minas: querem conquistar o mercado europeu.

No entanto, os desafios para que a banana mineira chegue até a Europa passam pela vida útil da fruta, que tem características de amadurecimento rápido, e empecilhos logísticos. Isso porque as frutas que saem de Minas Gerais percorrem longas distâncias até os portos brasileiros, onde acontece a exportação para o continente europeu.

Dailton dos Santos Ferreiras, gerente-geral da Brasnica Frutas Tropicais, empresa responsável pela produção anual de 90 mil toneladas de frutas da região Norte de Minas, observa que Minas Gerais perde competitividade frente aos estados que têm proximidade com o litoral e portos brasileiros, além de outros países que são considerados players nesse mercado.

Segundo o gerente-geral da Brasnica, o porto mais próximo do Norte de Minas é o de Salvador, na Bahia. Para exemplificar as dificuldades, Dailton lembra que a escassez, os custos de contêineres e as diárias necessárias para o transporte entre ida e volta até o porto aumentam os custos da exportação, uma vez que em um dia e meio outras localidades dão vazão à carga que produtores mineiros levam três dias.

Considerando a exportação na modalidade Cost, Insurance and Freight (CIF), na tradução custo, seguro e frete, e que significa que o frete e o seguro da carga são de responsabilidade do fornecedor, o gerente-geral afirma que “os custos de transporte não fecham, ainda que o câmbio apresente melhora”.

Solução passa por ferrovias

Para ganhar competitividade, Dailton acredita que uma das soluções seria a utilização da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), uma ação que demanda apoio do Estado para os estudos que podem determinar a viabilidade do transporte das bananas no modal ferroviário.

A intenção da Brasnica é exportar para a Europa banana do tipo nanica em contêineres refrigerados. Hoje, a empresa já exporta, em pequena escala, a banana tipo prata para os Estados Unidos, uma realidade que também foi afetada com a diminuição dos voos comerciais de Minas Gerais para o país devido à pandemia da Covid-19.

Contudo, o gerente-geral da Brasnica afirma que 97% da produção anual fica no mercado interno, sendo que a expectativa da empresa é que o cenário mude a partir de 2022.

Ações do Estado

De acordo com o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Seapa, Carlos Bovo, desde 2019 o Estado realiza, junto à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), encontros que têm como objetivo diversificar a pauta de exportação de Minas Gerais, sendo que, entre os produtos, estão as frutas.

“Minas é um grande produtor. E o Estado não exporta muitas frutas. Estamos com o projeto de um seminário para preparar empresas, produtores e cooperativas para se habilitarem, para conseguir os certificados sanitários de exportação, trabalho que é feito tanto na parte do comércio exterior quanto a sanitária”, afirmou Bovo em relação ao encontro “Painel Brasil”, que deve ocorrer no final de 2021 ou início de 2022. 

Além disso, o superintendente ressalta que há um trabalho junto aos mercados potenciais e que estão abertos à importação dos produtos brasileiros, o que resulta em articulações dos governos do Estado e Federal, por meio de secretarias e ministérios, para a ações junto às embaixadas, com objetivo de promover diálogos e a escuta das demandas dos países.

Nessas oportunidades, segundo Carlos Bovo, os países relatam se as necessidades internas giram em torno de frutas in natura ou congeladas, o perfil de consumo, além dos trâmites legais para a entrada das frutas no país, sendo o papel do Estado conectar os países aos produtores. 

O superintendente também lembrou que, hoje, o Estado realizará mais uma edição do Hub Conecta, que, entre outros assuntos, irá discutir inovações tecnológicas para que frutas como a banana cheguem aos destinos conservadas e próprias para o consumo. 

Produção no Norte de Minas

A região do Norte de Minas é responsável, hoje, por 42,72% da banana colhida em todo o Estado, conforme revelam os dados do Relatório de Agricultura específico sobre a fruta, publicado em outubro de 2021 e desenvolvido pela Secretaria de Estado de Agricultura,  Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).

Ainda segundo o relatório, Minas Gerais é o terceiro estado maior produtor da fruta. Desde 2019, a produção da banana em Minas ultrapassa, anualmente, a marca de 800 mil toneladas colhidas em aproximadamente 47 mil hectares plantados.

Essa produção registrada no Norte de Minas é seguida pela região Sul do Estado, que produz pouco mais de 21% da banana que é colhida em terras mineiras. No Brasil, como um todo, a produção é maior apenas em São Paulo, que contribui com 15,2% da fruta produzida nacionalmente, e Bahia, que participa de 12,5% da produção, enquanto Minas Gerais segue com 11,4%, conforme dados do relatório.

Fonte: Diário do Comércio (https://diariodocomercio.com.br/agronegocio/norte-de-minas-enfrenta-gargalos-logisticos-para-exportar-banana)

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