Novo trem em Minas terá investimento de R$ 6,5 bilhões

Grupo privado promete ferrovia que ligará a cidade capixaba de São Mateus a Sete Lagoas; ideia é transportar cargas em geral e ter modal até o aeroporto de Confins

Uma ferrovia que ligará a cidade capixaba de São Mateus a Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, poderá gerar 3.500 empregos em Minas Gerais e mais mil no Espírito Santo, com investimento de R$ 6,5 bilhões. O projeto da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES) será apresentado pela empresa Petrocity e pelo governo do Espírito Santo nesta quinta-feira (17) e protocolado na próxima semana junto à Empresa de Planejamento e Logística, ligada à Presidência da República e responsável pelo Plano Nacional de Logística (PNL). “A inclusão do empreendimento no PNL vai nos permitir solicitar as autorizações para a construção da ferrovia até o licenciamento ambiental. O investimento será 100% privado, o que precisamos do governo é a concessão e as autorizações, incluindo o licenciamento ambiental”, afirma o presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva.

Segundo Silva, a previsão é que o empreendimento comece a ser construído em 2021 e seja finalizado em 2025. A ferrovia está ligada a outro megaempreendimento da Petrocity, o Centro Portuário São Mateus (CPSM), que terá investimento de R$ 3,1 bilhões e cujas obras deverão começar ainda neste ano.

A nova ferrovia terá 553 km, e estão planejadas cinco Unidades de Transbordo e Armazenagem de Cargas (Utacs) em Barra de São Francisco (ES) e nos municípios mineiros de Governador Valadares, Itabira, Confins e Sete Lagoas. As Utacs terão investimento de R$ 56 milhões cada, com área de 200 mil m². “Fizemos um estudo minucioso por causa do centro portuário e identificamos a necessidade de escoamento da produção de indústrias no norte do Espírito Santo, no interior de Minas, como Vale do Jequitinhonha e Mucuri, e no Sul da Bahia. Com nova possibilidade de escoamento, podemos aumentar em 40% a produção industrial dessas regiões”, avalia Silva. Ele afirma que o complexo logístico usará quatro modais de transporte: aquaviário, ferroviário, rodoviário e aeroviário, com integração ao aeroporto internacional de Confins, na região metropolitana da capital mineira.

Segundo Silva, a ferrovia não virá para atender o mercado de minério de ferro, mas de produtos diversos, prioritariamente rochas ornamentais, grãos, pecuária (carga viva), aço e siderurgia, incluindo veículos. “Começamos com foco na indústria de óleo e gás, ou seja, petróleo, mas percebemos que temos mercado, tanto para o porto como para a rodovia, para produtos diversos”, afirma o executivo.

O objetivo de Silva é que a EFMES utilize tecnologia de ponta, com vagões e locomotivas com energia elétrica e solar nos escritórios do empreendimento. Os trens deverão ser equipados com monitoramento remoto e piloto automático.

Passageiros. O projeto da ferrovia não prevê transporte de passageiros, mas, segundo o presidente da Petrocity, José Roberto Silva, não há impedimento de incluí-lo caso surja demanda.

Há máquinas nacionais

Para o diretor da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, projetos como a Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo podem utilizar equipamentos nacionais. “Ficamos otimistas com projetos de infraestrutura, é um item de nossa pauta, e estamos capacitados e prontos para atender demandas dessa magnitude”, afirma Veneroso. Ele diz que “existe otimismo” no setor, mas critica uma possível abertura comercial sem correção de distorções.

Porto será feito pela Odebrecht

O Centro Portuário São Mateus, com investimento próprio de R$ 3,1 bilhões e área construída de mais de mais de 400 mil metros quadrados, é um empreendimento da Petrocity e deverá ser construído pela Odebrecht Engenharia e Construção (OEC). Será o primeiro grande empreendimento da empresa após a operação Lava Jato. “A empresa passou por uma depuração após a operação (Lava Jato) e adotou medidas de compliance e anticorrupção. E o que estamos buscando é o conhecimento técnico da Odebrecht, que só no Brasil construiu mais de 2.500 km de ferrovias”, diz o presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva.

Em nota, a construtora confirmou que assinou em 2018 um “Memorando de Entendimentos com a Petrocity”. A empreiteira afirma que não é responsável pela construção da ferrovia, mas não descarta participar do projeto. “A OEC está atenta e à disposição para atuar em todas as oportunidades que possam surgir no entorno do projeto, dentre as quais está a construção da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo”, diz a nota.

Fonte: O Tempo

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