Ferrovia precisa de R$ 2,2 bilhões para subir de patamar

Considerada estratégica para a logística de integração pelo corredor bioceânico, a ferrovia entre Três Lagoas e Corumbá tem investimentos previstos de R$ 2,2 bilhões, entre recuperação da malha, adequação de cruzamentos e aquisição de material rodante, como vagões e locomotivas. Os recursos fazem parte de projeto de R$ 6 bilhões para a Ferrovia Transamericana, concebido pela Rumo Logística, responsável pela concessão da Malha Oeste, da qual faz parte o trecho de ferrovia sul-mato-grossense. Para sair do papel, no entanto, a concessionária condiciona o projeto à prorrogação do prazo de concessão, que expira em sete anos.

 

De acordo com o diretor executivo da Ferrovia Transamericana, Daniel Rossi, o investimento na malha em si no trecho que vai de Corumbá a Três Lagoas está orçado em R$ 1,2 bilhão, além de mais R$ 1 bilhão de investimentos em material rodante para o mesmo trecho. O representante da Rumo lembra que o projeto completo é para o trecho Santos (SP)-Corumbá (MS) e o investimento total é de R$ 6 bilhões, sendo aproximadamente R$ 3 bilhões em malha e R$ 3 bilhões em material rodante.

 

“Hoje se investe algo em torno de R$ 60 milhões na malha [apenas manutenção], só que a ferrovia abre um outro patamar. Uma coisa é investir em manutenção, capacidade. Isso aqui [Transamericana] é abertura de capacidade, por isso não dá para fazer essa relação [entre custos de manutenção e futuros investimentos]. Esse investimento de R$ 1,2 bilhão significa linha, trilho novo, dormente em concreto novo, todas as adequações na parte de cruzamentos novos; tudo isso aumenta a capacidade e a velocidade de transporte”, explicou.

 

Pelo projeto, a velocidade dos trens que trafegarem pela Transamericana deve alcançar 60 quilômetros por hora, média cinco vezes maior que a atual. “Hoje, se chegar a 20 quilômetros por hora, é muito. Estamos com uma média de 12 quilômetros por hora [na Malha Oeste]”, informou Rossi.

 

Em relação ao potencial de carga transportada, a Rumo prevê que o projeto da Ferrovia Transamericana leve a malha ferroviária a sair do volume atual de 6 milhões de toneladas atuais para 30 milhões de toneladas transportadas na malha férrea, considerando os R$ 6 bilhões de investimentos na malha toda, o que, segundo Rossi, “é uma mudança significativa”.

 

CONCESSÃO

 

Ainda conforme o diretor executivo da Transamericana, a condição do projeto se deve à prorrogação do prazo de concessão, que tem sete anos remanescentes. “Nesses sete anos dá para fazer investimentos, mas para sair de 6 milhões de toneladas para 30 milhões de toneladas, não. Esse investimento não retorna dentro de sete anos e, por isso, precisa de mais prazo. A ordem de grandeza é de R$ 3 milhões para as linhas e R$ 3 milhões para material rodante, esse é o panorama do projeto. A gente espera [prorrogação da concessão] o quanto antes, porque quanto antes vier essa resposta, nós fazemos o investimento”, enfatizou.

 

Uma vez confirmada a prorrogação da concessão, o prazo estimado é de quatro anos de obras. “Hoje nós estamos em fase de negociação dos investidores e eles vão entrar no negócio assim que tiver a confirmação da prorrogação da concessão. Dando certo a prorrogação e dando certo com os investidores, imediatamente são iniciadas as obras”, afirmou.

 

Rossi explicou ainda que a Transamericana é trabalhada por fases e na primeira delas a recuperação da malha abrange o trecho de Santos (SP), Santa Cruz e Buro Buro. “Essa fase também considera a conexão Indubrasil, entrando no Paraguai. A gente tem um trecho aqui que sai de Indubrasil e vai até Ponta Porã. De Ponta Porã para Concepción, dentro do Paraguai, é a segunda fase”, informou.

 

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, falou da importância e de uma certa urgência na retomada dos investimentos na ferrovia. “Esse é um ponto importante. A Bolívia terminou recentemente a construção de uma ferrovia de 150 quilômetros, que liga Santa Cruz a Bulo Bulo, onde fica a fábrica de ureia, possibilitando assim trazer ureia de ferrovia de Bulo Bulo até a fronteira com Corumbá e, consequentemente, poderia trazer até Campo Grande e para o município de Três Lagoas”, avalia. “Nós temos um forte encaminhamento para lá, principalmente, de vergalhão de ferro. Então, o Brasil é um exportador e nós precisamos também melhorar essa performance”, acrescentou e voltou a citar a inauguração do terminal de transbordo da Arcellor Mittal.

 

Fonte: Correio do Estado

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